segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O DJ não toca nada!!!!


O que faria um tubaronense comum sair de casa, numa tarde de sábado com muita chuva? Uma festa com muita bebida grátis (leia-se festas em época de eleição)? Uma festa com 348 dj’s e 45 bandas de pagode? Uma festa de “forró universitário”? Uma rave? Um jogo de futebol – da época em que isso era comum na cidade? Enfim...se eu ficar aqui elencando, chego facilmente a umas 15 opções. Destas, um show de rock não seria uma delas – não porque eu quisesse, mas porque estou pensando como se fosse um tubaronense convencional, coisa que não sou.
Pois foi exatamente isso o que aconteceu no último dia 22/11 – curiosamente, o dia do músico.

Sem muita mídia, sem muito alarde, praticamente no boca-a-boca, por email, por torpedos do celular, por msn, por orkut, por todos os meios nada ortodoxos – quando se refere a divulgação de eventos – a brilhante futura promotora de eventos Marina, juntamente com o maridão Cristiano e a amiga Suelem – curiosamente ambos bateristas - conseguiu recrutar quase 30 seres iluminados, que se reuniram no auditório do praça shopping para curtir um fim de tarde incomum. Um final de tarde com muito rock’n roll. Um mini show com a banda Fibonacci como plano de fundo para o excelente workshop do mestre Ariel Coelho. Uma audiência para um show de rock progressivo e uma aula de técnica vocal. Mais anti-tubaronense, impossível.

Talvez essa seja a essência do rock, reunir pessoas na adversidade. Talvez, ser tubaronense tenha disso. Em épocas chuvosas (mas bota chuvosas nisso!!), nos vêm a mente a famigerada e ordinária enchente de 1974. Mais adversa do que ela, não existiu e não existirá. Ser rocker é ser guerreiro, é desatolar o jipe na mão, é tirar a cidade da lama, é curtir o evento da forma descrita anteriormente. Na verdade, é fazer acontecer um evento dessa natureza, e fazer dele um sucesso, como foi. Com pouco apoio, mas com muita vontade. Nas adversidades se encontram os verdadeiros amigos. E é assim mesmo que funciona. No rock, encontramos amigos de verdade. Acho que é por isso que o rock reúne poucas pessoas, porque poucas são dignas pra isso. Eventualmente, conseguimos agrupar essas raridades.
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A banda FIBONACCI vêm, por 4 longos e tenebrosos anos, buscando seu lugar no cenário musical da região. É uma tarefa árdua. Ter uma banda de rock é quase um sadomasoquismo...é sofrimento pra ter prazer. É se oferecer pra tocar nos eventos, é correr atrás pra ensaiar, é pagar pra tocar. Isso é tocar pelo prazer de tocar. Simples e direto, como ligar uma tv. A cada ano que se encerra, sentimos que o crescimento individual e coletivo da banda é notório. E isso se reflete nas oportunidades que vêm surgindo, com cada vez mais freqüência. Aos poucos conseguimos fortalecer um nome, estabelecer contatos, e nos tornarmos uma banda conhecida. Por poucos, GRAÇAS A DEUS. Porque ser sucesso de uma maioria que acha que entende de rock não é pra nós. Nossa meta é tocar pra poucos, que realmente vejam numa banda todo o trabalho que há por trás de uma execução musical.

2008 foi um ano fora de série. Tocamos em vários lugares diferentes, saímos da cidade numa minimicroscópica tour, tocamos pra – e com - músicos do porte de Aquiles Priester e Ariel Coelho!!! Isso é coisa pra poucos e bons. E somos ótimos, por fazermos tudo com o coração.

(Dedico esse texto a todos os que abriram as portas – e os corações – para que a Fibonacci mostrasse o seu trabalho, principalmente em 2008), e a minha família (minha mãe, minha esposa Tati e minha filha Gabi.

domingo, 2 de novembro de 2008

ODISSÉIA


Mais uma vez, juntamos nossos trapos, caixas, cabos, guitarras, protetores auriculares e o meu inseparável Homer Simpson – um dos seguranças da bagaça, juntamente com o soneca – e rumamos pra “canyonlândia”, que também pode ser chamada de terra onde o sol não aparece nem que são Pedro aspire todas as nuvens do céu. Pelo menos eu ainda não vi o sol brilhar por aquelas bandas.


Pensando bem, a culpa é do sol, que deve morrer de vergonha do brilho ofuscante que vem da cidade. O brilho das pessoas que habitam Praia Grande. Pessoas que conseguem se superar quando achávamos que haviam atingido o ápice em matéria de simpatia, bom gosto musical, receptividade.


Pela segunda vez em pouco mais de 3 meses, tivemos a honra de mostrar nosso som, nosso barulho, nossos erros e acertos no Provisório Pub. Na ocasião em que debutamos por lá, tocamos pra pouco mais de 30 pessoas. O que era pra ser um trauma – pra nós e pra organização – tornou-se incentivo a tentar mais uma vez. Sinceramente, e que ninguém nos ouça (ou leia), não botava muita fé de que dessa vez seria diferente da primeira. E, quer saber? Pra mim, seria muito legal do mesmo jeito. Sempre afirmei que prefiro um público de qualidade, por menor que ele seja.


Mas o que era um sonho tornou-se realidade. Foi um show!!!! Um grande público – na quantidade e na qualidade, principalmente neste último quesito. Se faltava algo para nos sentirmos gratificados em tocar pra outras pessoas, posso dizer que não nos falta absolutamente nada. Estamos realizados. Somos uma banda feliz. Sempre tivemos o tal complexo de vira-latas, e sempre achávamos que éramos mais uma bandinha. Que idiotice a nossa!! Bandinhas não mobilizam tantas pessoas, não são chamadas a rodar mais que 130 km pra tocar, não são tão bem tratadas como nós fomos, sempre, em Praia Grande. Assim como Praia Grande é realmente grande, apesar de não ser praia, nós somos uma super banda, apesar de não sermos metaleiros cabeludos e tatuados. O casamento perfeito. Uma pequena grande cidade, com uma humilde super banda.


Momentos como os de ontem não se apagarão jamais das nossas mentes. E esperamos que a magia desses grandes momentos sirvam de combustível para que a cidade jamais pare de crescer, mesmo que fisicamente tal evolução não seja tão evidente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Sua majestade, LATRINO (ou MC Jegue).


Quero deixar manifestado aqui o meu repúdio contra a (falta de) cultura musical do povo de Tubarão. Gosto é coisa pessoal. Mas o que mais me entristece é que falta a essas pessoas um pouco de senso crítico e diferenciar o que é bom do que é porcaria, o que tem fundamento do que é descartável.
Sou engenheiro civil, tenho 34 anos e temos uma banda.
Ensaiamos semanalmente, procuramos caprichar nas execuções, escolhemos um repertório fundamentado na qualidade das músicas. Mas isso tudo resume-se a um mero capricho, uma satisfação pessoal, porque o povo daqui não absorve o que é bem feito. As casas daqui não têm interesse em apresentar coisas diferentes da tradicional (e ao meu ver deprimente) tríade "pagode-dj-bandas pop". Nem tenho muita coisa contra essas vertentes musicais, até porque são compostas por pessoas que também batalharam e merecem seu lugar. Mas é demais. É só isso!!


Tudo bem, esqueçamos que eu faço parte de uma banda. Eu necessito ouvir, apreciar, curtir música legal, boa, diferente, de qualidade. Mas o preconceito é tão grande, a ignorância musical é tão aguda que eu me sinto um alien. Eu quero ouvir ROCK'N ROLL!! Um ritmo mais antigo que todos esses que borbulham na noite tubaronense e me fazem sair por novos horizontes a procura de gente como eu, que quer ouvir guitarras, baixos, baterias, vocais enfurecidos...


E por incrível que pareça, encontro pessoas assim em cidades muito menores que a nossa vigésima cidade em qualidade de vida, como apregoam algums. Em cidades menores que o bairro de oficinas (acho que o maior bairro de Tubarão). Agradeço a Deus por ainda encontrar vida inteligente (ou pelo menos, com senso crítico mais aguçado) por aí. Agradeço como ouvinte e como parte integrante desse movimento, com minha banda, que encontra nessas cidades público interessado em curtir nosso som. Não é nada demais. É apenas uma questão de parar, ouvir e analisar e não ser acomodado e absorver o que enfiam boca abaixo e pronto. É muito mais cômodo não ter que pensar.


(Este texto está intrinsecamente ligado aos anteriores - talvez pelo fato de o autor ser o mesmo. Mas a indignação está tomando proporções assustadoras, a cada cartaz que eu leio anunciando as festas da nossa região. Por outro lado, me sinto feliz por fazer parte da minoria. Uma minoria que pensa e pode até ouvir as porcarias que estão disponíveis por aí. Mas o fazem por vontade própria e não como se fossem seres abduzidos.)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

EPOPÉIA


Dia 23/08/08 está definitivamente cravado na história da banda. Já gravamos uma música, já demos entrevista em rádio, já tocamos em diversos lugares, já conseguimos tocar num show que tinha, no início, 200 pessoas e terminamos com 8. Já conseguimos ficar um ano só ensaiando, sem tocar em lugar algum. Somos, definitivamente, uma banda diferente. Diferente, porque temos nosso ponto de vista firme e tocamos o que gostamos, mesmo que, para isso, tenhamos que passar novamente por todas as situações descritas acima ou outras que nem vale a pena relembrar.No Brasil, ter uma banda como a nossa, é um suicídio comercial. Como não estamos nem aí pro comercial, e pra quem vê nas músicas oferecidas sob essa alcunha alguma coisa que valha mais um pão velho, vamos continuar nos matando. Morreremos felizes e foda-se.Mas mesmo assim, como num garimpo, depois de toneladas de água suja sempre surje uma pepita de ouro, sempre encontramos bons lugares (ou bons públicos) ávidos por ouvir alguma coisa feita com um mínimo de competência, honestidade e qualidade.Dia 23/08 a banda colocou os equipamentos nos carros e partiu rumo à Praia Grande. Antes de começar a discutir a apresentação, eu confesso - não tinha a menor idéia do que era Praia Grande. Mas posso afirmar: Praia Grande não cabe em Praia Grande. As pessoas que encontramos lá são avançadas demais para serem consideradas do interior, ou de uma cidade pequena. Desde o primeiro contato até a despedida, percebemos que estávamos num lugar diferente.E lá encontra-se o Provisório Pub. Assim como a cidade, o Pub não cabe dentro dele. É um lugar iluminado, apesar da escuridão. E lá encontramos um público mais que especial. Encontramos pessoas APAIXONADAS por música boa. Não são aqueles pseudo-adoradores de rock, que só conhecem Smoke on the water e Stairway to heaven. São pessoas que se arrepiam ouvindo o The dark side of the moon até hoje, coisas desse tipo. E isso não é pra qualquer um.Passava da meia noite quando começamos o nosso “trabalho”. Estávamos apreensivos, porque nosso som é alto e, no nosso conceito, não combina com bares ou lugares pequenos. Quanta inocência da nossa parte!! Combina!! E muito!!!Foi emocionante!! 2 horas de show, que passaram como um furacão! Nossas esposas junto! Nossos amigos de poucas horas satisfeitos com o que apresentávamos a eles. Nós, felizes por estarmos fazendo aquilo que tanto gostamos, pra gente que merecia ouvir. Enfim...momentos mágicos.Grandes momentos, grandes pessoas...um encontro que não vai ser esquecido tão cedo. Grandes amizades que ficarão pra sempre.Gostaria de agradecer demais ao Jodi Ramos. É uma daquelas pessoas que não se encontra por mais que se procure. Como a cidade, o Jota não cabe nele. É grande demais pra ficar onde está. O mundo precisa dele.(Eu dedico cada momento legal que passamos a todas as pessoas que tiveram contato conosco no curto período em que permanecemos na cidade dos canyons e espero poder voltar em breve.)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Você quer ser macaco novamente?

Opinião. Ponto de vista. Senso crítico. Convicção de seus ideais. Em tempos distantes, pessoas detentoras dessas “virtudes” se destacariam na sociedade, seriam líderes de grupos, seriam elevadas a cobiçados cargos nas empresas, participariam ativamente dos destinos de sua comunidade, nação, aquele papo furado todo. Enfim, seriam os super-heróis. Mas também li em algum lugar que os formadores de opinião não gostam de quem tem opinião formada. Ou seja, o barco a vela que veleja sem rumo não gosta muito do vento leste. Então, os convictos viraram os cabeça-dura. Quem antes era invejado agora é esnobado. Essa tribo - a do barco que vai aonde o vento levar – está crescendo assustadoramente. De repente, ter ponto de vista definido exclui você de seu círculo de amizades. Claro que os semelhantes se agrupam, mas numa sociedade onde se participa de vários grupos com interesses variados, em algum ponto do mecanismo vai acontecer uma pane. Pra clarear mais essa viagem toda, tomemos o exemplo da música. O rumo que a música vem tomando de uma década pra cá é, ao meu ver, assustador. Qualidade, sempre foi e sempre será, o diferencial pra tudo na vida. Tudo o que fazemos tem que ter qualidade – uma janta pros amigos, uma limpeza no carro, uma obra, uma música – e percebo que a qualidade é um dos últimos itens de um provável chek-list que norteie uma composição ou um trabalho musical. Nessa lista, valoriza-se muito mais o aspecto visual de quem faz ou executa a música, a questão da música ser praticamente monossilábica, ter no máximo 3 acordes repetidos à exaustão, falar de futilidades...Tenho visto muitas reportagens em que os cientistas tentam compreender a linguagem dos macacos, e começo a achar que o mercado tenha visto aí o futuro da música: música para macacos. Num canal de música veiculado na tv, 90% do que toca é música para primatas. Comercialmente, um sucesso! É aí que entra a falta de senso crítico. Afinal, quem não quer virar macaco tem que começar a analisar melhor essa diarréia musical (e cultural) a que estamos sendo humilhantemente submetidos. Os imbecis tentam vender suas porcarias. Os mais imbecis e candidatos a macacos compram. Mas os mais lúcidos têm que dar um basta nisso. É preciso boicotar a porcaria. É preciso exigir qualidade no que se vê, no que se ouve, no que se absorve. Não dá pra voltar a ser macaco, ou eu começarei a achar que Darwin foi um mentiroso.

sábado, 19 de abril de 2008

Depois de semanas angustiantes, tocamos. Abrimos o workshop do Aquiles Priester e da banda Hangar. Mais que isso. Fomos parte do processo. Fomos elogiados pela banda, pelo público do workshop. Ficamos amigos dos caras (que pessoas!!!). Enfim, mostramos nosso trabalho pra galera de Tubarão. E descobrimos uma coisa. O nosso único obstáculo para o crescimento da banda é...A PRÓPRIA BANDA. Nosso auto-menosprezo é ridículo. Nossa autocrítica é severa demais. Tocamos um som tecnicamente difícil. Apesar de não termos a dedicação necessária à música - temos outras profissões - e de não termos a nossa disposição, nos eventos em que tocamos, uma estrutura necessária para um bom resultado, conseguimos mostrar um bom trabalho.

Então, somos bons músicos, tocamos boas músicas, mas não temos gana, não temos sangue nas veias, não temos paixão de verdade pelo que fazemos. Não somos uma banda de verdade. Somos 5 pessoas que tocam junto, o que é completamente diferente. Os companheiros de banda não fazem parte da lista de amigos. São classificados como parceiros de banda. Não temos aquela vontade de estar reunidos para conversar bobagem como amigos devem ter. Enfim...o obstáculo da banda é a própria banda.

Individualmente somos pessoas. Juntos somos uma banda. Mas podemos ser uma família. E isso fará uma diferença absurda. Basta querer.

domingo, 30 de março de 2008

Festival = frustração?

O governo do estado de Santa Catarina organiza um festival de MÚSICA e INTEGRAÇÃO. Premia com dinheiro os melhores classificados do estado, com belas quantias.

Nossa banda, que é basicamente progressiva inscreve uma música de 6 minutos, com elementos progressivos e com bastante peso.

Trace um paralelo entre as duas sentenças acima...IMPOSSÍVEL. Isso não existe.

A tradição e a pobreza cultural de nosso povo (e isso extende-se ao país) impossibilita que uma música, por mais bem tocada que seja, por melhor letra que ela tenha, seja sequer classificada numa mísera etapa regional de um concurso com "n" classificatórias (e "n" varia de 70 a infinito...). Porque? Porque o mesmo povo que é bitolado e acostumado a ouvir músicas que rimam "amô" com "elevadô", ou balbucia ae, ae, ae, uô, uô - um macaco treinado consegue mais que isso - é selecionado para ser o ilustre júri de um concurso deste. Porque, se pra cargos ou posições muito mais importantes do governo são selecionadas pessoas que não tem condições de ser síndico de condomínio, imagina pra um mero concursinho de música. Porque, ressucitando um discurso mais anarquista, o governo prefere um eleitorado analfabeto, que troque um voto por uma dentadura e permaneça banguelo o resto da vida. Daria pra perder meu domingo aqui citando os motivos que nos fizeram ser desclassificados do concurso.

Da mesma forma que nossa música não agradaria ao "público" - segundo os envolvidos na organização do concurso - minha opinião se perderia no tempo. Mas vou fincar meus pés na minha ideologia e tentar fazer música boa para 50 pessoas do que trair meus princícipios e fazer uma péssima música para 1 milhão de pessoas. A unanimidade que continue sendo burra, e as moscas que continuem comendo merda. Eu prefiro uma bela polenta com galinha.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008


Enfim, entramos em estúdio. Claro, não é a gravação como manda o manual. É um ensaio gravado e mixado. Mas está ótimo!! Servirá como um retrato fiel de nossos erros e acertos. E será o início dessa fase nova da banda: criação!!!
RAZÃO ÁUREA - GRAVEM ESTE NOME.


Vou postar apenas minha foto, pois este que vos escreve está cansado e nem um pouco afim de escrever...